Organizam-se programas mediáticos, debate-se o facto, procuram-se soluções, explicações e probabilidades para este fenómeno importado, cujas raízes parecem estar na criminalidade urbana violenta das grandes cidades norte-americanas e brasileiras. Infelizmente
Massamá não foge a estes acontecimentos tendo já ocorrido alguns assaltos a veículos em que o método aplicado foi o
carjacking.
Na envolvência desta discussão, verbalizada e escrita, pode-se tentar perceber a relação entre o mundo do crime e os mundos virtuais violentos propostos por videojogos e filmes, e facilmente transpostos para a realidade já que exibem um carácter fortemente apelativo. Para esta discussão concorre o
best-seller dos jogos virtuais,
Grand Theft Auto, um sucesso entre adolescentes e jovens de todas as idades e classes sociais.
Trata-se de um verdadeiro simulador de
carjacking, vendido entre os mais novos sem qualquer espécie de apreciação ou restrição, apesar de estar identificado como recomendado para maiores de 18 anos. Neste jogo, os objectivos alcançam-se através de grandes doses de violência sendo a principal técnica criminosa utilizada, o
carjacking não menosprezando igualmente o atropelamento de peões, crianças ou adultos, e o abalroamento de veículos e bens públicos como parte fundamental do bom desempenho do jogador.
Evidenciando grande realismo gráfico, o jogo faz as delícias dos jovens já há alguns anos continuando a passar despercebido entre os responsáveis que deviam estar atentos a este tipo de manifestações e produtos, potencialmente adversos a correctas referências sociais e de cidadania para os mais novos. Neste jogo, os valores e princípios humanos, são derrubados da mente de qualquer jovem com a mesma facilidade com que se atropelam pessoas indefesas.
Está provada a relação directa entre certas manifestações mediáticas, neste caso os videojogos, e o comportamento de alguns segmentos da sociedade, sobretudo os mais novos. Sensíveis a este tipo de informação, os jovens são estimulados a absorver o teor agressivo veiculado em doses maciças na publicidade, em filmes, telediscos e videojogos. Os mecanismos utilizados desencadeiam propositadamente comportamentos miméticos entre o público-alvo que levam invariavelmente ao consumo de certos produtos.
Esta pequena nota vem a propósito do recente lançamento de
Grand Theft Auto IV.
Mais um previsível sucesso feito à custa da violência gratuita e destinada às gerações mais novas, mesmo que cinicamente o jogo esteja classificado como sendo para adultos. Tranquila e paulatinamente, a educação social dos jovens de todo o mundo, instala-se nas mãos de quem manipula este tipo de meios. Para os produtores do
Grand Theft Auto o objectivo é apenas um: vender o jogo, em quantidade e a qualquer custo, nem que para isso se criem gerações em que os comportamentos desviantes e criminosos sejam vulgares e banalizados.